ISBN: 978-85-94116-91-8
IDIOMA: Português
NÚMERO DE PÁGINAS: 474
NÚMERO DA EDIÇÃO: 1
DATA DE PUBLICAÇÃO: Junho/2020
Este trabalho enfrenta o problema dos limites aos quais deve se submeter a jurisdição para a estabilização histórica de uma autêntica ordem política de direito. Para isso, restaura o paradigma sapiencial do ius e sustenta, numa espécie de reconstrução jurisprudencialista do realismo clássico, que o direito é uma ordem espontânea de validade material forjada pela razão prática com intenção ao justo concreto. Defende que no exercício da jurisdição o juiz deve dar a cada um o que é seu em conformidade ao direito, e não aquilo que supostamente deveria ser dado para que a ordem social venha a se conformar a um qualquer projeto social, político ou econômico. Faz uma contundente crítica às principais teorias contemporâneas dos princípios jurídicos e sugere que o juiz deve proceder analogicamente para uma máxima aderência à prática anterior, a ponto de vir o precedente à condição de fonte operativamente primeira do saber a mobilizar pela jurisdição. Constitui, assim, uma vigorosa defesa da tradição contra as teorias da moda e todos os tipos de ativismo judicial.
SOBRE O AUTOR
AGRADECIMENTOS
I - INTRODUÇÃO
1 A autonomia do direito e o problema dos limites da jurisdição
1.1 Nosso ponto de partida: o jurisprudencialismo
1.2 O problema nuclear: a articulação entre o político e o jurídico em uma autêntica ordem política de direito
2 O percurso argumentativo
II - UMA ORDEM POLÍTICA NORMATIVAMENTE ABERTA
1 Introdução: o problema da filosofia política moderna, e a razão para um preliminar retorno aos clássicos
2 A ordem da alma na abertura para a transcendência: acerca da experiência fundacional da filosofia política
2.1 Platão, o philosophos e a polis
2.2 Aristóteles, o spoudaios e a polis
2.3 Uma parcial conclusão: a abertura da alma e o “princípio teológico”
2.4 O melhor regime, os regimes atuais e as oposições emergentes do confronto entre o standard crítico e a atualidade política
2.5 O problema político emergente da tensão entre a verdade da alma e a realidade política histórica
3 A prática articulação entre a verdade da alma e a resistente realidade política histórica
3.1 A constituição verdadeira, a atualidade política e o “segundo melhor” regime na transição platônica da República às Leis
3.1.1 O Político
3.1.2 As Leis
3.2 A constituição verdadeira, a variedade dos regimes atuais e a melhor constituição possível na Política de Aristóteles
4 Conclusão: a proposta político-filosófica clássica para uma (limitada) articulação do logos na realidade
III - UMA ORDEM POLÍTICA NORMATIVAMENTE FECHADA
1 O jusnaturalismo clássico e a medieval articulação entre a divina ratio e a ordem política histórica
1.1 Ordinatio ad unum
1.2 A teoria tomista da lei
1.3 A articulação da divina ratio na ordem política histórica
2 A transição moderna para uma ordem normativamente fechada
2.1 O Leviathan e os fundamentos do pensamento político moderno
2.1.1 Um novo fundamento para a ciência política
2.1.2 A supressão hobbesiana da simbologia da transcendência
2.1.3 O homo passionalis e a sua natural tendência para a autoconservação
2.1.4 A teoria hobbesiana da lei natural
2.1.5 A instituição da república e o problema implicado pela sua causa final
2.1.6 Da ordem pressuposta à ordem politicamente constituída: uma nova concepção da soberania
2.1.7 A constituição eterna de um cidadão iluminado
2.1.8 Conclusão: a ordem política moderna e os pressupostos de uma nova compreensão da normatividade
2.2 O Contrat Social e a democrática tradução dos pressupostos da compreensão moderna da normatividade
IV - A MODERNIDADE E O DIREITO
1 Introdução: o problema da radical incompatibilidade entre a nova filosofia política e a juridicidade pré-moderna
2 A tradição do common law e o desafio hobbesiano
2.1 Edward Coke e a autonomia do common law
2.1.1 O direito como artificial reason
2.1.2 A normativa supremacia do common law e a autoridade do juiz
2.2 Hobbes versus Coke, Hale versus Hobbes
3 A tradição romanista e o Iluminismo (anti)jurídico
3.1 A tradição romanista
3.1.1 A emergência histórica de um direito autônomo
3.1.2 O jurisconsulto
3.1.3 A praxis jurídica e o desenvolvimento de um direito jurisprudencial
3.1.4 A iurisprudentia e o ius honorarium
3.1.5 A iurisprudentia e a lex
3.1.6 O ius romano e a ordem da civitas
3.1.7 A experiência jurídica medieval
3.2 O Iluminismo (anti)jurídico
3.2.1 Auctoritas, non veritas facit legem
3.2.2 Principatus politicus ex solo populi consensu
3.2.3 Volenti non fit iniuria
3.2.4 O ius moderno e a legalidade moderno-iluminista
V - O DIREITO (IUS)
1 Introdução: a juridicidade e os juristas da exégèse aos nossos dias
2 Algumas possíveis alternativas contemporâneas ao modelo político da lex e ao paradigma sapiencial do ius
2.1 Interpretação e aplicação: a objeção hermenêutica ao normativismo
2.2 As teorias da argumentação e o procedimentalismo jurídico
2.2.1 A tópica jurídica de Theodor Viehweg
2.2.2 A lógica jurídica de Chäim Perelman
2.2.3 A teoria do discurso racional de Robert Alexy
2.2.4 Uma breve consideração de conjunto
2.3 O funcionalismo jurídico
2.3.1 O funcionalismo político
2.3.2 O funcionalismo econômico
2.3.3 O funcionalismo sistêmico
3 Ius
3.1 O direito e o justo
3.2 O direito e as regras
3.3 O direito e a razão
VI - OS LIMITES DA JURISDIÇÃO
1 Introdução: a problemática político-filosófica subjacente à questão dos limites da jurisdição
2 As condições normativamente constitutivas da ordem política
2.1 O debate político contemporâneo
2.1.1 Da “teoria da justiça” ao “liberalismo político”: o pensamento político-filosófico de John Rawls
2.1.2 A crítica comunitarista ao self liberal e algumas das suas implicações político-institucionais
2.1.3 A contemporânea renovação da tradição republicana
2.1.4 A democracia discursivo-procedimental de Jürgen Habermas
2.2 A ordem política
2.2.1 O problema do sentido e do lugar da juridicidade no pensamento político contemporâneo
2.2.2 As constitutivas condições normativas para a estabilização histórica de uma ordem autenticamente política
3 A supremacia do direito
3.1 Rule of law
3.2 A articulação, na ordem, do político e do jurídico
3.2.1 O domínio, a intencionalidade e os limites da política
3.2.2 Lex: a validade na perspectiva do político
3.2.3 Ius: a validade na perspectiva do jurídico
3.2.4 A supremacia normativa do direito
4 Conclusões: a autonomia do direito e os limites da jurisdição
4.1 A autonomia intencional do direito e os limites intencionais da jurisdição (a problemática dos princípios jurídicos)
4.2 Alguns mais diretos desencadeamentos metodológicos da limitação intencional da jurisdição (a problemática da analogia e dos precedentes)
BIBLIOGRAFIA