As violências de gênero contra a mulher são ocasionadas por uma valoração e tratamento desigual conferido aos gêneros feminino e masculino, dando ao homem posição de superioridade ante ao feminino. Tais violências existem há séculos, estando presente em todas as sociedades patriarcais. Na sociedade atual, apesar dos importantes avanços nas discussões sobre desigualdades de gênero, a violência contra a mulher permanece, se moldando às novas realidades. Nesse sentido, o avanço tecnológico e da internet criaram, não apenas um novo meio para denúncias e disseminação dos debates, mas também um ambiente propício para a prática das violências já conhecidas, como também de novas formas, próprias para esse ambiente. Devido às características do ciberespaço, a violência contra a mulher praticada por meio das tecnologias da informação se torna ainda mais grave, tendo maior alcance, se espalhando de forma mais rápida e permanecendo no tempo e espaço. Além disso, também possibilitam a criação de materiais falsos e facilitam os meios para ameaças e bullying. O presente livro aborda as violências de gênero praticadas contra as mulheres a partir da conduta de exposição pornográfica não consentida, que foi reconhecida na legislação brasileira com a tipificação a partir da Lei 13.718/18. Tal violência afeta majoritariamente mulheres, sendo motivado principalmente pela objetificação da sexualidade da mulher e pela desigualdade de gênero presentes na sociedade brasileira. Assim, o objetivo principal é verificar quais os prejuízos causados pelo reconhecimento da conduta, a partir da criação de um novo tipo penal sem utilização de uma perspectiva de gênero para sua elaboração e inclusão. Se busca demonstrar que os crimes, além de praticados, na maioria dos casos contra mulheres, também causam danos mais graves a elas, devido à estrutura patriarcal da sociedade. Além disso, também se faz necessário apontar que o principal meio de cometimento dessa violência é por meio das tecnologias de informação, especialmente a internet.