Ela só tinha o carinho do pai quando voltava para casa com dinheiro roubado, foi torturada e espancada por quem deveria protegê-la. Ela foi estuprada e descobriu no sexo uma moeda de troca, se prostituía por material escolar. Ela sonhava com uma mesa posta de Natal, mas não tinha nem família, nem mesa. Ela conheceu o irmão dentro da cadeia e do mesmo jeito que encontrou, desencontrou. Ela andou quilômetros a pé tentando refazer a vida. Ela cuidou da mãe drogada, foi abusada pelo cunhado e adotada pela rua. Ela vivia acorrentada no quarto. Ela engravidou duas vezes, acreditando no amor, mas ele a abandonou. São tantas “elas”. Crianças machucadas que perderam a inocência cedo, obrigadas a sobreviver sozinhas. Quando a estrela não brilha, o caminho fica escuro, é difícil saber para onde seguir. Hoje adultas ainda se sentem perdidas, vidas sem rumo, com muitas perguntas sem resposta. Qual o preço de um abraço? Qual o preço pago por cada uma delas?

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