Este livro oferece uma significativa contribuição à área da epistemologia da ciência, pois a coletânea de artigos apresentados é dotada de consistente corpo teórico que aborda reflexões, contextos históricos, autores diversos e distintas concepções e posicionamentos, bem como revela tensionamentos e resistências nos processos de criação, de descobertas, e na busca que caracteriza a produção científica. A obra é relevante para estudantes de graduação e pós-graduação de diferentes áreas e pesquisadores em geral, dada a natureza didática com que expõe, por variados ângulos, o momento histórico da ciência positivista, o determinismo matemático e sua forma descontextualizada de fazer ciência com suas explicações, questionamentos e problematizações. Com semelhante profundidade analisam, também, a inserção ao relativismo das ciências e os atuais múltiplos atributos, modelos e métodos de pesquisa. Na ultrapassagem da linearidade da lógica cartesiana, fundamentam acerca dos discursos legitimadores das ciências na manutenção do status quo e sugerem revisão dos conceitos de objetividade e subjetividade; causalidade e monismo; experiência e existência vivida; a cotidianidade, o real e o ideal; ação e pluralidade; o visível e o sensível; discursos e linguagens; ciência e senso comum. Assim, além da racionalidade, o cotidiano, a ecologia e a natureza relacional da realidade e das interações recebem o foco interdisciplinar, na produção do conhecimento, compreendida como construção social e ética, cujas interpretações são expressivas da práxis. Recomendo a leitura, pela visão analítica e crítica da base científica, na qual se conjugam: a estreita relação entre o pesquisador e os fenômenos; e a interdependência entre empiria e teoria, conteúdos que nos instigam a novos modos de fazer pesquisa e ciência.

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